sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Rascunhos Antigos*

dear John,
queria puder explicar, mas as palavras não iriam sair da minha boca,
queria puder olhar-te nos olhos, esses teus olhos de um tão profundo azul, mas coragem me falta.
todos os dias acordando sozinha, nesta grande cama, nestes lençois tão frios...vou morrendo lenta e dolorosamente.
naquela colina, sentado sobre aquele verde, debaixo daquela árvore, aquela que testemunhou juras de eternidade, as trocas de palavras, as trocas de beijos profundos e sinceros, sozinho esperas-te por aquela que pensaras passar o resto da tua vida. mas ela nunca apareceu. deixou-te sozinho, vendo as horas fugirem, sem saber de seu paradeiro.
ofereceste-lhe o mundo, ofereceste-lhe o Sol e a Lua, mas ela rejeitou tudo isso.
Será a minha pessoa tão estupida ao ponto de virar costas ao verdadeiro amor assim que o vê?
20 anos passaram, arrependimentos cresceram.
deveria ter fugido contigo quando me deste oportunidade, em vez disso fugi de ti.
já não tenho 17 anos, mas se era amor verdadeiro na altura, porque não seria agora?
hoje, estou a teus pés sobre meus joelhos, implorando-te...

Rascunhos Antigos*

Poderia passar o resto dos meus dias pedindo-te desculpa que não seria suficiente.
Poderia expressar mil e uma palavras que nunhuma justificaria o que fiz.
Todos os dias acordo nesta cama solitária e fria e rezo para que tudo volte atrás para tu me agarrares bem contra o teu peito nu, suspirando palavras de ternura.
Eu ouço a tua doce voz, as promessas de eternidade, os planos e desejos do futuro, e então choro...choro lágrimas de arrependimento...e cada uma escorre pela minha face matando e tirando, lenta e dolorosamente, uma parte de mim.
Parece que ja não vamos casar na quinta onde demos o primeiro beijo, parece que já não vamos ter 5 filhos, ou ter um carro vermelho... Parece que não. Tudo isso foi destruído no dia em que esperaste por mim debaixo da grande árvore, e eu simplesmente não apareci.
Iamos fugir para o apartamento que recentemente tinhas comprado...iamos viver eternamente juntos apesar dos meus pais não aceitarem a nossa relação. Iamos...iamos
Iamos envelhecer juntos e iamos sentar no alpendre a ver os nossos bebés brincar no jardim...
A., quero-te dizer que eu simplesmente não queria ver-te sofrer... seria demasiado doloroso para mim ... tive medo de dizer, de te contar mas não tenho assim tanto tempo para hesitar como hesitei no passado.
Eu tenho cancro.
Andei bem durante algum tempo, mas assim que comecei a quimio as coisas ficaram negras.
Mudei-me para outra cidade, onde há melhores condições hospitalares para a minha situação. Fui mandada para casa para... bem tu sabes... Já não podem fazer mais nada por mim.
Tenho andado muito fraca e hoje que tenho forças decidi escrever-te.
Deixar-te pendurado naquele dia parecia-me menos doloroso para mim do que ver-te a não seguires os teus sonhos por minha causa.
Sei que não tenho direito a pedir-te nada, mas vou fazê-lo : arrisca tudo pela felicidade e eu estarei lá em cima olhando por ti...serei o teu anjo da guarda, serei a tua estrela guia.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Encantada *


Entras-te num sonho: Estava vestida de princesa, com uma tiara de mil diamantes.
E tu, no fim da escadaria, esperavas-me pacientemente, junto de uma carruagem puxada por dois cavalos brancos.
Abriste-me a porta e levaste-me para um lugar tão mágico quanto os contos de fadas que costumava ouvir em criança, mergulhado num silêncio barulhento com todas aquelas sensaçoes pairando sobre nós.
O negro da noite subiu ao céu, e consigo levou a luminosa brancura da lua e numerosos pontinhos brilhantes.
Adormecemos ali, sobre uma lua cheia, resguardados apenas pela sinceridade das palavras ditas anteriormente.
Então acordei e tu já não eras o Principe Encantado. Não estavas no fundo da escadaria, nem esperavas por mim. Eras simplesmente tu. Dando os teus tipicos "high five's" quando na verdade desejava apenas um beijo.
O meu coração, que outrora era incapaz de amar, está a começar a ceder.
E então rejeito-te, afasto-te com medo de me apaixonar e voltar a ser magoada.
Mas aquele sonho repete-se todas as noite, uma vez, e outra, e outra.
A redoma que criei para um coraçao de vidro está prestes a partir em tantos bocadinhos que será impossivel olhar-te nos olhos e dizer-te que não.
Um dia, simplesmente aconteceu. Voltas-te mais Encantado do que nunca, mas tão real quanto as pingas da chuva que escorriam pela minha face.
Aproximaste-te, pegas-te a minha mão e sem dizeres uma palavra, finalmente ouvi o que sentias, abriste-te como nunca te abris-te com ninguém e deixaste-me penetrar o teu coração para escutá-lo com atenção.
Ficamos parados na chuva, sem nos questionar-mos, e em menos de nada senti o leve toque dos teus lábios tocando os meus, num beijo doce e ternurento.
Não estava vestida de princesa e tu não estavas junto àquela carruagem puxada pelos cavalos brancos, mas era real, eras um principe encantado.
Um principe encharcado, de jeans e sapatilhas.
Mas, tal como nos contos de fadas, eu estava ENCANTADA :)

domingo, 18 de setembro de 2011

A cor das palavras


Andei muito tempo sem escrever, mas à uns dias atrás vim aqui e reli alguns dos meus textos mais antigos.
Foi bom reviver as diferentes situaçoes que estava exposta na altura, o amor daquela altura, enfim.
A minha vida mudou bastante desde o primeiro texto que aqui coloquei. Agora tenho outros objectivos, outros sonhos, outros amigos, outras prespectivas. Só uma coisa não mudou. O facto de eu ser uma pessoa que não gosta muito de exprimir aquilo que sente diante dos outros só porque não quer parecer fraca, e foi para isso que criei este espaço. Um espaço para mim, para sentir que podia falar sem que fosse julgada pelos outros.
Tive tempos obscuros nos ultimos meses, e foram muito dificeis para mim, especialmente porque não falava disso com ninguem. Mas foi-me tão fácil sorrir quando os meus amigos e familia estavam à minha volta. E é ai que entra esta página. Bastava-me escrever alguma coisa, e a maior parte daquilo que escrevi ainda está nos rascunhos e provavelmente não os vou publicar, que ficava bastante melhor comigo própria. E aos bocadinhos fui sarando.
Hoje tenho uma nova cor. Onde havia escuridão, hoje à luz e sinceramente estou mais feliz.
Não era daquelas pessoas que passava palavra acerca do blog para que outras o pudessem ver, nunca fiz publicidade ao blog porque foi para isso que o criei. Para ter um espaço sozinha. Mas é engraçado como existem pessoas que se identificam com o que eu escrevo.
Não faz mal ser-se fraco de vez em quando. Há que reagir, pedir ajuda quando se precisa, deixar o orgulho de lado e acima de tudo ser humilde. Somos humanos, cometemos erros, erros esses que nos ajudam a crescer.
E quando há esse tipo de comunicação, as pessoas são mais felizes, e psicológicamente mais saudáveis.
É necessário pintar todos os quadros das cores que queremos, não das cores que nos são impostas e é bem mais fácil quando temos alguém que se preocupa ao nosso lado.
Ser feliz é uma escolha. E essa é a cor mais bonita de todas.
A cor das palavras :)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Lullaby *.*

Não sinto nada.
Este transe que se apoderou de mim não quer ir embora.
Esta dor não quer desaparecer. Vai-me levar com ela.
Tudo á minha volta está cinzento, nublado, obscuro
Não sou capaz de encontrar o caminho... a minha Luz deixou de brilhar deixando-me no escuro.
E então chorei,
Gritei,
Berrei, rasguei, cortei
Lágrimas de sangue percorrendo o meu rosto,
Cada vez mais sofucada pela dor,
Afogando-me no encarnado desespero...
O grito do meu coração está cada vez mais barulhento mas ninguém o ouve...
As minhas forças faleceram, deixaram-me estendida no chão, frio, duro.
Vejo o sangue correndo em minhas veias
Escorrendo pela minha pele... De alguma forma estou viva...
Enfiada num corpo vazio...mas vivo.
E pergunto-me o que raios aconteceu...
Não encontro a resposta... acho que, quando mais ninguém me conseguiu tirar da escuridão, precisei de uma prova que o meu coração ainda batia.
Perdida, desorientada, esquecida, anestesiada
Não respiro, não sonho, não sinto
Deus não ouve minhas orações.
Quando a Lua sobe no ar e o Negro invade o céu, ouço:
"Go to sleep and close your eyes, and dream about broken butterflies that tore their wings against a thorn.
You know the pain thatthey have endured, silver metal shine so bright, scarlet blood that feels so right.
Dream of that blood trickling down, and wake up just before you drown.
The moonlight shinning off your tears as you bleed out your worst fears.
So tonight when you start to cry, whisper the cutters lullaby."

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Nunesco, ;)


Tinha 12 anos quando te conheci.
Num certo dia disseste que me amavas, então entrei em panico.
Lá no fundo sabia que também sentia algo por ti.
Finalmente percebi que se tratava apenas de amizade. E tu também acabaste por compreender isso. Sim, amávamo-nos mas apenas como bons amigos. Confundimos as coisas.
Nós crescemos, a amizade cresceu. Contigo passei dos mais variados momentos. Sabia que contigo podia confiar, rir, chorar. Podia falar, falar, e ainda falar mais, e nada que eu fizesse ou dissesse iria servir para me julgares. Um Melhor Amigo exemplar! de verdade !
Não sei o que me deu entretanto, mudei a maneira de falar para ti, pus-te de parte, ficas em segundo lugar. Acho que me apaixonei, somente isso. E então tudo mudou. Desde que ele entrou na minha vida tudo ficou diferente, tu ficaste diferente, e eu fiquei diferente. Ele foi capaz de destruir tudo! Acabou com a nossa amizade, e levou-te para longe de mim. Por causa dele tu julgaste-me e magoaste-me porque nunca me tinhas feito nada igual.
Estaria a mentir se pusesse as culpas todas nele. Por isso : Sim, eu falhei como melhor amiga, tu falhaste como melhor amigo, eu não soube perdoar e tu não te soubeste justificar ou desculpar.
Lembro-me de ter ficado furiosa, não ouvia ninguém e não te ouvi a ti. Com o tempo a raiva transformou-se em despontamento.

"Sei de cor cada lugar teu, atado em mim, a cada lugar meu. Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar, tento esquecer a mágoa, guardar só o que é bom de guardar"

Lembras-te? pois, eu não fui capaz de perdoar.
Eu nunca quis que tudo terminasse daquela maneira, mas tu conseguiste pegar no céu mais azul e transformá-lo em cinzento.
Juraste-me que farias o teu melhor para mudar, mas eu disse que já não importava. Comecei a olhar-te num outro ponto de vista e lembro-me de pensar porque diabos é que te tinha de ter como melhor amigo, mas não desejo a ninguém, sentir-se da maneira como eu me senti.
Depois de tudo, honestamente nem valeu a pena tudo o que passámos por causa daquele palerma.
Pois aquele mesmo palerma mentiu-me, enganou-me, e partiu-me o coração em tantos bocadinhos que duvido que alguém consiga arranjá-lo.

Foi então que percebi porque raios é que te tinha como melhor amigo.
Sabia que podia contar contigo para qualquer coisa.
Então precisei de ti, do teu ombro para chorar, da tua voz para me acalmar, e tu já lá não estavas.
Nesse momento, pela primeira vez, senti-me sozinha.

"Mesmo que a vida mude os nossos sentidos e o mundo nos leve pra longe de nós, e que um dia o tempo pareça perdido e tudo se desfaça num gesto só."

Queria voltar aos velhos dias, em que o telemóvel tocava e eu sabia que eras tu. Queria começar de novo, gritar, rir por nada, como costumávamos fazer. E o meu orgulho não deixou.
Não sabia o que pensavas de mim, se é que pensavas, não sabia se tinhas arranjado outra melhor amiga, uma melhor que eu, uma que soubesse perdoar e que não fosse orgulhosa. Uma que te fizesse mais feliz do que eu fiz.
Simplesmente tinha saudades, e uma parte de mim desejava que tu também sentisses o mesmo que eu. Fui egoísta a esse ponto.

"Pensa em mim protege o que eu te dou. Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou, sem ter defesas que me façam falhar. Nesse lugar mais dentro, onde só chega quem não tem medo de naufragar."

Então já nada tinha a perder. Falaste-me a primeira vez quando tive o acidente e o meu Sol voltou a brilhar. Uma vez disseste-me que já nem falavas por não sabias o que dizer. Que tinhas um certo receio.
Foi ai que percebi.
Todo esse problema fui eu que o criei. Criei uma redoma onde ninguém mais podia entrar a não ser aquele que tu sabes, e quando finalmente percebi que ele nunca iria entrar fechei-a por completo. Acabei por afastar o meu Melhor Amigo. Aquele que realmente se preocupava comigo.
Desculpa-me... Desculpa-me por todo este tempo tentar convencer-me a mim mesma que o problema eras tu e não eu!

"Eu vou guardar cada lugar teu, ancorado em cada lugar meu. E hoje apenas isso me faz acreditar, que eu vou chegar contigo onde só chega quem não tem medo de naufragar."

Só tenho mais uma coisa a dizer:


* Foste um bom Melhor Amigo :)

sábado, 30 de outubro de 2010

E era uma vez.... (:

Braga, 11 de Março de 2010
Não sei como estou aqui.
Um segundo mudou tudo, deixou tudo de pernas para o ar, como se de um furacão se trata-se.
Como pôde uma vida, mudar tão significamente da noite para o dia? Numa fracção de segundo que só deu tempo de pestanejar?
São precisamente 3.30 h da madrugada e acabei de subir para o quarto.
Estou aqui há 15 horas e ainda não consegui assimilar todo este role de informação, toda esta trapalhada de sentimentos (este cheiro...odeio hospitais!).
No dia 10 de Março, fui vitima de um atropelamento.
Era um dia como tantos outros e eu só queria ir para casa, até alguém - que nem da sua existencia tinha conhecimento - transformou este suposto dia como todos os outros, num caos, num gigante....qualquer coisa! Uma tempestade de emoções que assolou no meu coração e que já dura demasiado.
Sempre me instruiram que temos de suportar e encarar as consequências dos nossos erros. E nunca duvidei de tal! Mas será que se aplica nesta situação?
Porque tenho eu de sofrer e suportar esta angústia quando alguém que não eu cometeu o erro?
Esta vida não é justa mas serei forte e irei sorrir. Assim conseguirei que o Sol sorria para mim também .
Talvez...
Um dia acho que vou ser capaz de olhar para trás e ter orgulho no que consegui suportar e no que conseguir alcançar, e ai sei que direi : "A vida é dura, mas eu sou mais que ela , e aquilo que não nos mata, só nos torna mais fortes. "